“Tenho, porém, contra ti que deixaste a tua primeira caridade” (Apocalipse 2:4-5) está nos parecendo que são estes movimentos, estou deixando para vocês refletirem conosco. Por que quem somos nós? Nos perguntaram na reunião passada, qual é a primeira caridade? Amor à Deus. Fazer isto, fazer aquilo; vocês são capazes de dizer qual é? Está embutido aqui? Tanto não podemos concluir que está no versículo seguinte assim: “lembra-te, pois, de onde caíste”. Então não foi dada uma dica, foi dada uma dica de natureza filosófica. Ou seja, cada um de nós, nos primeiros passos de edificação no bem, vamos notar que estamos susceptíveis de cair. Pois, não há, pelo que se observa, em tese, uma capacidade de reeducação linear, quer dizer, sai daqui, pula para cá, pula para lá, e vai subindo escada, não, a gente costuma subir um degrau, depois desce dois, depois sobe mais três, desce, e é aquele negócio da espiral, neste sentido.
(P) – É interessante, Sr. Honório, que o amar a Deus é amplo demais. Em quase todas as circunstâncias das nossas quedas nós olvidamos a lei de Deus.
(H) – Então seria isto, no amor a Deus e ao próximo, que nós vamos trabalhar com a nossa instrumentalidade, nós costumamos entrar terreno adentro do processo egoístico, passando a amar a nós, mais do que ao próximo.
(P) – Eu tenho uma dúvida. Éfeso tinha uma particularidade, Esmirna tinha outra, quem sabe a primeira caridade de Éfeso não seria a mesma caridade de Esmirna? Não se trata de uma coletividade hoje, uma individualidade? Por exemplo: temos Esmirna, Éfeso dentro da gente então a caridade para Esmirna não seria a caridade para Éfeso. Não seria isto, não Sr. Honório? Por isto ele não citou a primeira caridade que estaria no âmbito da consciência de cada um?
(H) – Sem dúvida. Existe uma linha globalizada nas 7 cidades para onde são dirigidas as cartas. É evidente que o plano vibracional de Éfeso(embora tenhamos dentro de nós Esmirna, Sardes, Filadélfia e outras) polariza mais na individualidade de cada um de nós. Por exemplo, o que poderemos chamar em nosso socorro relativamente à condição cultural e histórica de Éfeso? Lá estava o templo de Artemis e Diana[1]. É uma construção enorme em que todo o processo vigente no campo da civilização época, tendia para o culto nesta área acentuadamente transitória, mas definindo um carinho todo especial do profitente relativamente a isso.
Então era uma luta entre o culto a deusa Diana e o culto a mensagem crística que estava envolvendo, principalmente, a personalidade de João quando escreveu isto aqui. Embora ele tenha escrito em Patmos, mas é muito próximo da região de Éfeso. E ele viveu muito tempo em Éfeso, inclusive com Maria, e representa a presença de Maria lá como se fosse a gestora de uma mentalidade crística, enquanto, Diana tinha uma mentalidade de culto religioso, mas de acentuado sabor materialista. Não sei se vocês estão entendendo. Tanto que o templo foi destruído e tornaram a construir o templo. A própria população fez o templo de Diana novamente. Depois foi todo ele espalhado, toda composição dele lá, do templo, acabou sendo utilizado em várias faixas da Ásia, mármore e outras preciosidades. Então nós observamos que é uma luta profunda existente aí. É uma profunda conotação vibracional aí, então é quando nós nos deixamos cair pelo chamamento materialista, transitório. E o material transitório ou componentes materialistas são utilizados na própria investida da ascensão espiritual.
(P) – Essa caída tem relação com a queda de Adão no início?
(H) – Tem, tanto é que esta caída do Adão foi a desobediência. A desobediência é o conflito gerado dentro de nós entre aquilo que sabemos que deveríamos fazer e o que não fizemos. Por quê? Porque se houvesse uma informação de superfície no nosso campo educacional não haveria tanto problema. O problema surge no campo da desobediência quando o padrão assimilado à nível cultural, a nível de aprendizagem ganha campo e corpo em nossa intimidade.
O que aconteceu com Éfeso e demais igrejas é o que está acontecendo conosco, hoje, à nível de Doutrina Espírita, é a mesma coisa. Está entendendo que ele tinha conhecimento, mas que não conseguiu colocar em prática o que sabia, mas o que sentia. Nada obstante o sentimento gerenciar o nosso progresso, nossa legítima conquista, nós vamos notar que nem sempre o sentimento reflete o que a razão indica. A razão está indicando o seguinte: humildade, não bobeie não, mas o meu sentimento quer ostentação. Aí nós entramos no conflito. Então nesse particular está ligado lá? Não tem dúvida, por quê? Antes da serpente chegar e fazer a conexão com Eva, à nível de sentimento, o que aconteceu? “De todas as árvores do jardim comerás livremente” (Gênesis 2:16) de todas, porque não é possível que a medida que a gente avança haja restrição finalística. Não tem. A gente vai caminhando tentando acertar, mas tem toda uma soma de valores que a gente pode avocar ainda contrariando a nossa consciência. Porque se não houvesse condição lícita de adotar isto à nível do livre arbítrio, nenhum de nós caíria. Na hora que eu conseguir fazer alguma coisa, praticar uma atitude que definiu minha conquista nivel acima, no degrau certo – Fecha a descida! Está fechada! – então não cai mais, mas não fecha não, você vai no degrau de cima, mas a escada embaixo fica toda aberta à sua disposição para descer. Por que tem que ser assim? Porque no futuro a gente pode necessitar de uma série de coisas.
(P) – É aquela expressão: Deus não dá o espírito por medida.
(H) – Exatamente. Porque vai muito além, se nós ficássemos restritos àquele momento tudo acabava. A gente leu recentemente de parte de um companheiro que vem levantando assunto de transmigrações dos povos e ele define uma coisa interessante no campo das transmigrações. Para trazer espíritos rebeldes para o mundo, no campo da queda, para que “os anjos” positivamente eleitos venham dirigir estes elementos é um sufoco, não é? Então o que fizeram? Trabalharam as entidades de alta perversão, mas que adotavam lideranças, reuniu tudo para vir chefiar aqui: – Aqui todos estão presos em um bolsão, não pode sair, mas lá na Terra vocês vão mandar e fazer o que vocês querem, só que vai ser o chefe deles.
(P) – Que obra é essa?
(H) – Esqueci, como que chama, alguém sabe?
(P) – A Saga dos Capelinos.
(H) – A obra é A saga dos capelinos, não estamos indicando a obra, porque nós conhecemos e há alguns folclores lá, mas estamos trazendo a ideia que o elemento trouxe e que conjuga com aquilo que a doutrina indica neste ângulo, é perfeitamente natural. Se vão apropriar um batalhão imenso de espíritos em desajuste, e colocar um santo, já evoluído, para os dirigir, eles não vão entender. Entenderam o sentido? O trabalho é o que está comandando. É lógico isto, em cada patamar. Então nós vamos ter em conta que a desobediência foi o ponto básico, foi aí que Adão caiu, através de Eva que é o sentimento dele. O que ocorreu? Vamos ler rapidinho que o assunto é tão estudado por vocês e por nós. Diz assim, e esta parte fala de nossa vida: “e ordenou o Senhor Deus ao homem dizendo:” Ordenou através de uma consciência interior “De toda árvore do jardim comerás livremente”. É lícito comer de todas, “mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás, pois o dia que dela comer, certamente morrerás”(Gên. 2:16-17) então existe o seguinte: é lícito comer de todas as árvores. Aqui nem fala do plural, pois fala de uma árvore globalizada, a linha sustentadora do Universo. Então você pode alimentar. Então o problema da queda não está na árvore do jardim, está no “mas”. Este “mas” é que representa o ponto de referência e livre escolha e de conveniência ou não conveniência, porque diz aqui “mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás, pois o dia que dela comer, certamente morrerás”, o que é a árvore da ciência do bem e do mal? É a árvore da vida que está falada aqui na frente? Não, não é a árvore da vida. A árvore da vida está além da árvore da ciência do bem e do mal. É a justiça. Porque justiça por justiça ficava em capela, a lei se cumpre, matou vai morrer, feriu vai ser ferido.
Nós aqui hoje estamos sendo convocados a uma sensibilização no bem, no amor que é a árvore da vida. Aquele que alimenta da árvore da vida está em paz com a consciência. Nós temos gente lá atrás que não conhece um décimo do que já conhecemos, mas está alimentando da árvore da vida. Está numa boa, numa ótima! Leva sua vida numa tranquilidade e não há ninguém para dizer que ele está errado. Tem gente que tem uma soma imensa de informações, até opera em determinada área, dirige centro espírita, faz isto, faz aquilo, e não está tão bem intimamente como pode estar uma criatura destas, lá atrás. Por quê? Porque na medida que a gente avança vamos perdendo o acesso à árvore da vida, quando começa a haver o conflito entre o que se conhece em face daquilo que se faz. Então a harmonia está na dependência direta de um vértice cujo ângulo representa o conhecimento e consequente operação na base do conhecimento que já possui. Como nós temos uma série enorme de reflexos pesando em nossa intimidade, o reflexo costuma representar ondas volumosas que invadem nosso território pessoal e aí nós sucumbimos nas ondas.(…)
O fechamento da mensagem para a igreja de Éfeso termina assim: em cada igreja temos um espírito e aqui um espírito que diz aos Espíritos das igrejas, aos responsáveis das igrejas, como sendo aquele centro que representa um grupamento de corações “ao que vencer dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que está no meio do paraíso de Deus.” Queria ver se vocês têm alguma coisa a colocar nesta árvore da vida. Está lá no velho testamento e diz assim: a árvore da vida foi cortada “e havendo lançado fora o homem pôs querubins ao oriente do jardim de Éden, e uma espada inflamada que andava ao redor para guardar o caminho da árvore da vida.” (Gênesis 3:24) e no versículo 22: “Então disse o Senhor Deus, eis que o homem comum de nós sabendo o bem e o mal. Ora pois para que não entenda sua mão e tome também da vida e coma e viva eternamente.” (Gênesis 3:22), então vamos observar que a árvore da vida produz um fruto que garante a vida na sua linha de continuidade. O que é esta vida eterna? É aquela capacidade de jornadear o destino sem os lances que vem ferindo, jogando a gente para baixo. É aquela linha natural da vida em que cada um oferece o melhor do seu coração. Por quê? Porque este processo levantado na igreja de Éfeso define parâmetros alargados no que respeita a valores adotados e falhas notórias. Então o que temos que fazer para estarmos bem, alimentando desta arvore? É conseguir uma harmonia no nosso campo mental, inclusive sabendo conviver com as nossas próprias deficiências e falhas. As deficiências e falhas não devem representar para nós fantasmas perturbadores de nossa ordem interior. Eles só passam a ter um sentido perturbador ou criando transtorno no campo mental da individualidade, quando começam a ser acalentado de maneira sistematizada. Mas no tempo em que estes componentes e reflexos parecem ser detectados e estão em nível de elaboração com vistas a sua desativação, nós iremos notar que não há violência sobre isto.
Vamos encontrar o que estamos comentando por aqui na purificação do templo, quando Jesus entra no templo. Diz aqui: “E estava próxima a Páscoa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém. E achou no templo os que vendiam bois, e ovelhas, e pombos, e os cambiadores assentados. E, tendo feito um azorrague de cordéis, lançou todos fora do templo, bem como os bois e ovelhas; e espalhou o dinheiro dos cambiadores, e derribou as mesas, e disse aos que vendiam pombos: Tirai daqui estes e não façais da casa de meu Pai casa de vendas.” (João 2:13-16) estes são os componentes ainda embrionários na nossa personalidade. Ficou claro? Os pombos: tirai-os daqui estes. Houve violência, mandou-os para fora, espancou com azorrague? Não, “Tirai daqui estes e não façais da casa de meu Pai, casa de venda.”, esta mensagem é o nosso espírito esclarecido pelos valores que temos arregimentado no campo de aprendizagem, falando ao nosso próprio coração: acabe com isto enquanto é tempo! Tirai daqui, não dê corpo, não alimente isto. Pois se alimentarmos este componente, vamos alimentar a lei de causa e efeito à nível negativo. E aí nós saímos do plano da árvore da vida que projeta frutos para a eternidade, e vamos ficar conjugados a árvore da ciência do bem e do mal.
Então aquele que elege a árvore da ciência do bem e do mal impede o caminho da árvore da vida. Árvore da vida, árvore do amor. E que flui com naturalidade. Recolhemos amor e distribuímos o melhor de nós próprios ao nível do amor. Valorizando determinado componente que de algum modo está traindo a nossa harmonia, alimentamos isto, corporificamos, então perdemos acesso a árvore da vida naquele momento. E isto diz respeito ao plano criativo da nossa vida mental neste particular. Então representa esta parte do apocalipse aqui no finalzinho desta primeira carta a igreja de Éfeso está fechamento todo especial:“ao que vencer, dar-lhe-ei de comer da árvore da vida que está no meio do paraíso de Deus.”(Apocalipse 2:7) definindo uma coisa, que não tem que ser anjo, santo, estar catalogado como Rafael, Miguel, para poder comer desta árvore da vida, nós podemos usufruir dela desde agora.
(Recorte das transcrições dos Estudos de Evolução coordenados por Honório Abreu, revisado.)
[1] O Templo de Ártemis, também conhecido como Templo de Diana, foi um templo da Grécia Antiga, construído em Éfeso, na atual Turquia. Foi uma das sete maravilhas do mundo antigo.
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