“Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro para que tenham o direito à arvore da vida e possam entrar na cidade pelas portas”. Me parece que voltando ao nosso fio aqui, que trabalhamos esse texto. Não foi? Esse texto já é um texto conhecido nosso, porque quando nós trabalhamos o capitulo 7, nós trabalhamos nestas vestiduras aqui. Inclusive, nós podíamos fazer uma relembrança, ligeira, de uns minutinhos. E essas roupas elas nós nos investimos nela, elas nos acobertam quando nós fazemos a mudança mental. Porque há uma diferença entre a mudança mental que é a chamada renovação mental e a renovação espiritual. A renovação mental é naquela hora em que eu, ingerindo ou gestando conhecimentos que nós recorremos à mão cheia na doutrina, esses valores propõem sinais diferentes para a nossas cogitações.
Então, naquele momento em que a minha intimidade aceita um novo valor, então eu começo a incorporar tais elementos, entrando naquela linha de conflito entre os novos valores que eu tenho que adotar e a luta íntima que se trava com os conceitos antigos, que estão fundamentados em condicionamentos, às vezes, milenares. Mas na hora em que eu faço a proposta interior de uma vinculação de uma nova sistemática ou um novo mecanismo operacional de vida, eu sou investido, ainda de maneira precária, em vestes que representam a exteriorização no meu campo mental ainda trabalhado com dificuldade. É como se eu visse alguém na rua, assim marginalizada, aí vem o meu condicionamento e fala – Marginalizado, deseducado, ocioso! –, mas imediatamente eu retorno e mudo a minha roupa – Não pode ser assim! É um companheiro, é um irmão, é um amigo que está desinformado – ou coisa desaparecida. Aí a roupa volta para aquela posição melhorada, e fico nessa linha de dubiedade. Agora, o que lava essa roupa enodoada das mutações, das mudanças, no sangue do Cordeiro, o que acontece? Ela vai tomando uma posição a refletir com equilíbrio a minha estrutura intima. Ou seja, o que era apenas, um processo exclusivamente de proposta reeducacional, passa a ser um processo já incorporado no campo operacional, natural, do dia a dia. Deu para entender?
Então essa lavagem dessa roupa é o processo que a doutrina espírita propõe: “Reconhece o verdadeiro espírita pela sua transformação moral, pelos esforços que emprega no sentido de domar as más inclinações”. Então, isto é que vai definir a mudar a limpeza dessa roupa no chamado sangue do Cordeiro. É sangue mesmo, porque é um processo de aplicação, de vivência, por isso o sangue aqui. Vida em novas bases. E não propostas de vida em novas bases. Então o processo de vida em novas bases começa com a mudança íntima a nível mental. Então todo o processo nosso de reuniões, de leitura de livros, de palestras, são alterações a nível mental. Eu posso mudar a minha mente em poucos segundos, mas, entre mudar a mente e mudar o ato de ser, de viver, alguns tempos! Que podem sair desde um dia, dois dias, uma semana, um mês. E nós temos caracteres tão arraigados em nossa personalidade, que nós podemos até durar algumas reencarnações para vencê-los e conseguir administrá-los. Não fiquem triste porque aqui não é um ambiente místico, nós estamos enfrentando uma luta reeducacional para valer mesmo!
(P) – Sr. Honório estou lembrando aqui que pode lavar as vestes tanto na água, quanto no sangue do Cordeiro. Lavar as vestes na água, é comum a todos nós que estamos na reencarnação…
(H) – Cada reencarnação, é uma emersão da roupa na água.
(P) – Agora lavar as vestes no sangue do Cordeiro, tem que ter uma postura mais séria, mais…
(H) – Já não é reencarnação, já é renovação mesmo.
(P) – E essa entrada pelas portas, poderia esclarecer para nós?
(H) – Entrar pela porta é aquilo que realmente resolve o novo sistema evolucional nosso. Por enquanto a nossa entrada não se dá pela janela não. Ela pode até, a nível simbólico, dizer que nós entramos pelas aberturas da misericórdia. Mas, com o conhecimento que nós já temos hoje, tem que entrar é pelas portas mesmo, com os próprios pés, porque é uma questão opção de vida. E daqui para frente é assim. Até agora evoluímos pelas obras. Isso é um princípio de conversa. Óbvio que nós vamos continuar evoluindo pelas obras. Mas nós estamos agora colocando o que é lógico em qualquer mecanismo evolucional. Qual é a lógica do mecanismo educacional? Aprende-se e aplica-se! E não cair na doença, e fala – Agora eu vou! – este é o entrar pela janela! E nós estamos entrando é assim, quando nós adoecemos, entramos num pânico aí fora no nosso dia a dia, os Espíritos nos trazem à Casa Espírita, por exemplo. Nós estamos entrando e somos recebidos com todo o carinho por aqueles que estão… Aí quando nos começamos a melhorar, os Espíritos ficam assim – Vamos ver se dessa vez ele vai!! – porque aí que ele vai ter a decisão mesmo. Porque enquanto ele está no jugo da dor, ele está debaixo de constrangimento! Entenderam? Constrangimento da dor! Embora possa sorrir, sai feliz, toma passe – Estou com Jesus e não abro mais! – ele fala assim. Mas no fundo, na hora que a dor de cabeça melhorou, que o reumatismo sarou, que ele arrumou emprego, que o menino sarou, que ele resolveu o problema em casa no campo afetivo, aí os Espíritos estão lá assim – Agora que ele vai decidir – e nessa hora ele some. Então aí é que nós vamos observar o processo que ele vai adotar, ou seja, educação que a doutrina propõe: “Espíritas amai-vos e instruí-vos” (Capitulo 6, item 5 do Evangelho Segundo Espiritismo) a definir o que para nós? Se antes nós evoluímos pelas obras impensadas e outras muitas das vezes pensadas, com base de inconveniências e imediatismo, hoje é na fé que se sublima nas obras. A obra é que projeta, a fé delineia. Deu para entender? A fé propõe, a fé abre caminhos. E a obra sobre a fé, redime, liberta. Então por isso que nos estamos estudando isso aqui. Então o que lava as roupas ou as vestes no sangue do Cordeiro, não é aquele que vai falar – Estou aqui me joga para as feras! – não é isso não. Embora temos as feras na sociedade. Feras dentro de casa! Às vezes, um filho complicado que nos leva para a parede toda a hora, que a gente sofre e tem que sorrir ou é a dificuldade no serviço, nas implementações que as vida nos apresenta.
(Recorte das transcrições dos Estudos de Evolução coordenados por Honório Abreu, revisado.)